"Aquele que tem caridade no coração tem sempre qualquer coisa para dar. "
( Santo Agostinho )

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

As lacunas da sociedade de consumo


Não temos ideia dos valores gastos para convencer o consumidor a gastar dinheiro em produtos e serviços, quando bastaria 1/10 daquele para mudar a qualidade de vida de muitas pessoas necessitadas. Deixamos aqui uma mensagem da Agência de Notícias da Igreja Católica de Portugal para uma pertinente reflexão social.

"O actual estilo de vida deixa «cada vez mais perdedores pelo caminho» - sublinhou Joana Rigato na Semana da Pastoral Social.

Anualmente, são gastos 450 mil milhões de euros para “convencer as pessoas a comprarem coisas, quando bastaria 1/10 desse valor para garantir uma vida digna para todos!” – disse Joana Rigato, elemento da Comissão Nacional Justiça e Paz, na XXVI Semana da Pastoral Social.

 
A decorrer em Fátima, de 14 a 16 deste mês, esta semana é subordinada ao tema «Dar-se de Verdade – Para um desenvolvimento solidário». Na conferência sobre «Questões do debate social contemporâneo: uma leitura dos problemas mais relevantes», Joana Rigato realça que o problema central reside na sociedade de consumo.

 
O estilo de vida actual, apesar de todas as suas vantagens, baseia-se num “modelo com gravíssimas lacunas” com “danos colaterais incalculáveis” e que produz “uma crescente desigualdade”. Isto porque, se “não há (nem pode haver) o suficiente para todos, ou se dividem os recursos equitativamente, ou haverá cada vez mais perdedores pelo caminho” – frisou a oradora

 
As diferenças na “pegada ecológica” mostram clareza. Se todos os recursos do planeta fossem divididos “equitativamente pela população mundial e utilizados de forma sustentável, foi calculado que cada pessoa deveria consumir o equivalente a cerca de 2 hectares de terra por ano”. A média mundial já é superior a este valor, situando-se nos 2,85 hectares por ano. Ora, em África, “a pegada ecológica média é de apenas 1,5 hectare; já na Europa Ocidental chega a 6 hectares, enquanto que nos Estados Unidos corresponde a 12 hectares per capita, isto é, 425% a mais do que a média mundial, o que significa que um americano médio equivale, em termos de impacto ecológico, a cerca de dez africanos ou asiáticos” – dados apresentados por Joana Rigato.

 
“A gravidade da situação torna-se mais assustadora quando nos apercebemos de que nas últimas três décadas 1/3 dos recursos do nosso planeta foram consumidos. Mais do que alguma vez acontecera desde o aparecimento da humanidade na Terra” – acrescenta.

 
Recuperar o “valor da sobriedade” é uma opção de fundo, motivada “por critérios tão éticos quanto estéticos, já que não só passa só pela adopção de um estilo de vida social e ecologicamente responsável, como é também uma escolha sensata no sentido da promoção de melhor qualidade de vida, em sentido profundo” – conclui Joana Rigato."



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